quinta-feira, 28 de abril de 2011

Negras e com baixa escolaridade são maioria das trabalhadoras domésticas

Mulheres negras e com baixa escolaridade formam a maioria das trabalhadoras domésticas brasileiras. Em entrevista por ocasião do Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas, a presidente da federação da categoria, Creuza Maria de Oliveira, disse que no Brasil a atividade deriva do trabalho escravo e por isso grande parte da categoria é negra. “O trabalho doméstico no Brasil é executado por mulheres negras, que não tiveram a oportunidade de ir para uma faculdade [por exemplo] e o trabalho que é valorizado é o acadêmico”, afirmou.

A assistente de programas da Organização das Nações Unidas para as mulheres, a ONU Mulheres, Danielle Valverde, afirmou que a maioria das trabalhadoras domésticas não chega a concluir o ensino básico.

“É um trabalho que tem grande componente de gênero, porque é exercido por mulheres, e também étnicorracial. No caso do Brasil, é feito por mulheres negras. Na América Latina, é um emprego exercido em grande parte por mulheres indígenas”, afirmou.

Ela disse ainda que grande parte das empregadas domésticas tem direitos legalmente reconhecidos, como a Carteira de Trabalho assinada e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas que na prática eles ainda não são considerados.

“Embora seja definido pela legislação que devem ter a carteira assinada, ainda estão na informalidade. Isso significa falta de acesso a uma série de direitos como o Instituto Nacional do Seguro Social [INSS], a licença-maternidade e o seguro-desemprego por falta da assinatura [da carteira]”.

Daniella afirmou também que o Artigo 7º da Constituição Federal garante esses direitos, mas não obriga os patrões a concedê-los. ”A Constituição Federal, no Artigo 7º, ainda não garante a igualdade de direitos em relação a outras categorias. Por exemplo, o FGTS ainda é facultativo para as empregadas domésticas. Os empregadores ainda não são obrigados a pagar o fundo de garantia.”

Creuza, por sua vez, disse que há 36 anos as trabalhadoras domésticas garantiram esses direitos, mas é necessário que os patrões mudem de mentalidade e os reconheçam. “Estamos na luta para que haja mudança de mentalidade dos empregadores, que é o reconhecimentos das leis. No Brasil há 8 milhões de trabalhadoras domésticas, mas 80% não têm carteira assinada nem contribuição para a Previdência”, informou.

Para a presidente da federação que representa a categoria, ainda falta às trabalhadoras domésticas garantir o direito à hora extra, ao salário família, seguro-desemprego e auxílio por acidente de trabalho. “Estamos lutando ainda por equiparação de direitos aos de outros trabalhadores”, acrescentou.


Roberta LopesRepórter da Agência BrasilBrasília
Fonte:
Agência Brasil

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ENTREVISTA

Serginho fala dos desafios à frente do CNPIR

Sérgio Pedro da Silva, o popular Serginho, membro das coordenações do Distrito Federal e nacional da Unegro, é um unegrino de muita luta que acaba de assumir a Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), órgão consultivo da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Nesta entrevista ele fala sobre a sua nova tarefa institucional,dos desafios de dirigir o CNPIR, das ações do Conselho, das atividades da Unegro e do movimento negro em geral.

Natural de Recife (PE), onde começou a militância no movimento estudantil, Serginho é jornalista e designer gráfico. Chegou a Brasília no ano de 1994. Aqui inensificou sua militância no movimento sindical e na Unegro, sendo eleito presidente da entidade no Distrito Federal em 2007. Dois anos depois foi eleito secretario geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras– Seção Distrito Federal (CTB/DF).

Serginho foi assessor político da Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal e Região do Entorno – SINTECT/DF de 1999 a início de 2011. É membro da Coordenação Nacional da UNEGRO desde 2007. Participou da fundação do Fórum Permanente Educação e Diversidade Étnico-racial do Distrito Federal e foi coordenador nacional do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil, representando o Distrito Federal – 2007-2008.

Membro fundador da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF), Serginho também foi articulador do Fórum de Entidades Negras do Distrito Federal, membro da Comissão Organizadora do 1º Encontro Nacional de Combate ao Racismo da CTB, membro da Comissão Organizadora da 2° Conferência Distrital de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal e membro do Fórum Permanente Educação e Diversidade Étnico-racial do Distrito Federal. Atualmente, estuda Licenciatura da Computação pelo Centro Universitário Claretiano.

Qual é a função do secretário-executivo do CNPIR?

Serginho - Bom, tem como finalidade prover as condições para o cumprimento das suas competências do CNPIR, por meio da promoção do necessário apoio técnico, logístico e administrativo.

Quais desafios você tem à frente dessa nova trincheira de luta?

Serginho - O desafio é conciliar a função técnica, administrativa, com a ação política, pois lidamos com a sociedade civil e o poder público. Mas é a sociedade organizada que traz grandes contribuições para a formulação de políticas públicas, são os segmentos organizados que estão na ponta onde toda a ação governamental é aplicada, além de serem fiscalizadores dessas ações.

Quando foi criado o CNPIR? E nesse período quais foram os seus principais encaminhamentos?

Serginho - O Conselho foi criado em 23 de maio de 2003 pela Lei 10.678, no inicio do governo Lula. Vejo que as duas conferências nacionais foram os grandes momentos do CNPIR, pois trouxe toda a sociedade para o debate da igualdade racial, governo e sociedade.

Especificamente, quais os encaminhamentos o CNPIR faz?

Serginho - O Conselho é consultivo, porém, tem por finalidade propor, em âmbito nacional, políticas de promoção da igualdade racial, com ênfase na população negra e outros seguimentos étnicos da população brasileira, com o objetivo de combater o racismo, o preconceito e a discriminação racial e de reduzir as desigualdades raciais, inclusive no aspecto econômico e financeiro, social, político e cultural, ampliando o processo de controle social sobre as referidas políticas.

Qual a importância para a Unegro ter um de seus coordenadores nessa função?

Serginho - A importância é a nossa contribuição para o avanço das políticas de promoção da igualdade racial e principalmente o de colaborar com o governo Dilma. Fizemos isso nos oito anos de Lula, cedendo bons quadros para desenvolver o trabalho junto com a equipe da SEPPIR. Cito o Benedito Cintra e o Alexandro Reis. Nesse momento, eu e o Carlos Alberto, que é o Ouvidor, estamos cumprindo essa tarefa.

O que o cidadão comum pode fazer para ter demanadas coletivas e individuais encaminhadas pelo CNPIR

Serginho - Olha, coletivamente já é a natureza do Conselho, por ser um colegiado, onde temos representantes de vários segmentos da sociedade, que vai da religião ao hip hop, dos árabes aos ciganos, portanto, temos uma diversidade e uma coletividade representativa. Na questão individual, acredito que toda ação está diretamente influindo na vida da população, por exemplo é a garantia de assistência a saúde da população negra.

Comente um pouco sobre o atual estágio de organização da Unegro no DF e nacionalmente.

Serginho - A Unegro no DF está no momento bom, cada vez mais vem se consolidando como uma força do movimento negro, sendo reconhecida pelas demais forças. Agora estamos na fase de formação de novos quadros e com o Congresso Nacional da UNEGRO a ser realizado aqui em Brasília no mês de novembro, fortaleceremos ainda mais a nossa entidade. Sobre a entidade nacionalmente, o 3º Congresso no Rio de Janeiro em 2007 demonstrou que estamos no caminho certo. Hoje posso afirmar que somos a maior entidade no Brasil, são vinte e cinco Estados. Qual a entidade nesse nível?

Quais os desafios da Unegro no DF?

Serginho - Operar o congresso nacional e sair da informalidade. Temos bons quadros e esse número vem crescendo.

Quais os desafios para o movimento negro em geral?

Serginho - Estamos na primeira etapa do combate ao racismo, mas vejo que estamos construindo as bases para o futuro e isso passa pela educação, trabalho, saúde e desenvolvimento. Agora, o Brasil já está no centro das decisões, precisamos nós ocupar nosso lugar.




terça-feira, 26 de abril de 2011

Obama deu samba - artigo de Martinho desnuda o racismo de Monteiro Lobato

Martinho da Vila*

Quando o Barack estava concorrendo à presidência dos Estados Unidos, eu escrevi o artigo ‘Obama vai dar Samba’. Vai dar samba é uma expressão popular que quer dizer “vai dar certo” e eu escrevi no sentido de “vai vencer, vai ser eleito” e deu samba.

Na ocasião, eu fiquei pensando no Monteiro Lobato, autor de uma vasta literatura infantil. Criou também, dentre outras obras, o discutível ‘Negrinha’ e o contestável ‘Jeca Tatu’, além do controverso ‘O Presidente Negro’, escrito com o objetivo de fazer sucesso na América do Norte. Deu azar porque os editores americanos não quiseram publicar. Naquela altura os livreiros de lá estavam descartando obras com conotações racistas. Decepcionado, nosso “gênio da literatura” escreveu de Nova York para um de seus amigos, o literato Godofredo Rangel, conforme publicou o jornalista Arnaldo Bloch: “Meu romance não encontra editor (…). Acham-no ofensivo à dignidade americana (…), errei vindo cá tão verde. Deveria ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros”. Que absurdo! Gostaria que Lobato, adepto da Ku Klux Klan, violenta organização racista americana, estivesse vivo para presenciar o encontro do primeiro preto dirigente máximo da América com a primeira mulher Presidenta do Brasil.

Barack Obama foi um verdadeiro show no Theatro Municipal. Eu recebi um convite, não pude comparecer, mas vi pela televisão que a fala dele deu samba. O samba poderia ser mais animado, se fosse na Praça da Cinelândia, mas valeu. Concordo plenamente com o Bruno Astuto, colunista da revista dominical deste nosso jornal, a ‘TV Tudo de Bom!,’ que escreveu na semana passada: “Ouvir o presidente negro de uma nação tão poderosa como a americana dá força para que as crianças negras do nosso Brasil, um país ex-escravagista tão em dívida social quanto os Estados Unidos, percebam que yes, elas também podem. Se o Brasil, um país tão machista, alçou uma mulher à presidência, ainda hemos de ver um negro — ou uma negra — chegar ao Planalto. Será o máximo”.

Quando isso acontecer não haverá mais necessidade da Lei de cotas raciais, de órgãos do movimento negro nem de secretarias de integração racial. É um sonho.

* Martinho da Vila, nosso deus negro da MPB, é um cara que sabe da coisas, como a nossa deusa Olívia Santana.

(OBS: tem coisa que só negro sabe o que é sentir na pele.)





CONFISSÕES DE LOBATO

(Da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo)

A revista "Bravo!" publica em maio cartas inéditas do escritor Monteiro Lobato. "Um dia se fará justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos livres da peste da imprensa carioca -mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva", escreveu em 1938 o escritor, censurado pelo governo por racismo.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O DEPUTADO E A SUA “PSEUDOLIBERDADE” DE EXPRESSÃO

Por Carlos Alberto Junior*

Inicialmente é interessante começar afirmando que as palavras do deputado Jair Bolsonaro não são apenas estúpidas, ou piadas infelizes. O Bolsonaro agride e desrespeita os cidadãos brasileiros, incorre em crime previsto na Lei Caó. Defende a tortura, a homofobia, o racismo e o anti-semistismo, bem como nos faz reviver um dos piores momentos da história do mundo. É bom lembrar que esse tipo pensamento e de discriminação já ocasionou morte de milhões no holocausto.

Para quem anda dizendo que ele é um homem de muita coragem. Digo, que para mim, ele é uma pessoa covarde, pois além de não consegui conviver com a pluralidade e a diferença, quer impor as suas convicções preconceituosas e discriminatórias à sociedade.

O grande debate que vem sendo posto na sociedade é entre a liberdade de expressão e a discriminação racial e por orientação sexual, a nossa Constituição tem como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária; (...) ; IV – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Mas também assegura a liberdade de expressão, no art. 5º, IV, o direito a livre manifestação do pensamento. Ocorre que essa liberdade de expressão não pode interferir na esfera de proteção da honra alheia e limitações legais que existem para possibilitar o equilíbrio social e pacificação entre as pessoas. É nesse contexto que entendemos que a liberdade de expressão não pode sobrepor a liberdade das pessoas viverem em uma sociedade sem quaisquer discriminações.

Confesso que fiquei perplexo ao ver, escutar e ler que o deputado teria imunidade parlamentar em tudo o que ele disser, inclusive podendo cometer crime que estaria acobertado pela tal imunidade. A nossa Constituição garante a deputados e senadores a inviolabilidade de opiniões, palavras e votos. Qual a finalidade destes direitos a eles concedidos? A resposta todos sabemos: permitir-lhes, como legisladores, a plena liberdade de opinar, discutir e votar sem ser processados, perseguidos ou discriminados.

Mas, se todo direito tem um fim ou um propósito, esta prerrogativa também precisa ter o seu fim específico. Nenhuma inviolabilidade de direitos pode chegar a ponto de excluir a pessoa da ordem jurídica. Se assim fosse, estaríamos criando homens que se sobreporiam ao Estado, à lei e à ordem jurídica. Seriam Cidadãos-Especiais, com um privilégio absoluto que nenhum outro jamais gozou: servir-se da palavra, da opinião e do voto para ferir, agredir, lesar e destruir a sociedade e a população.

A Constituição garantiu a inviolabilidade dos legisladores para que esses pudessem elaborar as leis, em busca de ideais de justiça e igualdade, valores que devem estar sempre gravados nas leis.

Não é para incitar a discriminação racial que os deputados são invioláveis. A Constituição lhes deu esta prerrogativa para que com ela sirvam ao povo. Dessa forma, uma vez que esses se desviam deste caminho, usando para cometer crime ou um desserviço a sociedade brasileira. Logo precisam e merecem ser punidos para que essa prerrogativa não se volte contra o cidadão.

* Carlos Alberto Junior é Advogado, especialista em Direito Público, coordenador nacional da UNEGRO, militante do PCdoB e Ouvidor da SEPPIR/PR

domingo, 24 de abril de 2011

Reunião da Unegro DF nesta segunda, 25

Convocamos para Reunião da UNEGRO-DF nesta segunda-feira, 25 de abril, às 18h30, na sede da CTB/DF.
Pauta:
1- Avaliação do 1º Encontro de Juventude da Unegro-DF
2- Pendências da delegação do DF.

Será muito importante nossa reunião para socializarmos as soluções e os problemas, portanto, solicitamos convocar os delegados e suplentes escolhidos no dia 16.

Asè
Sérgio Pedro

Livro revela história dos Negros e Negras que lutaram contra o regime militar

Email enviado Bruno Renato Teixeira via Jacira Silva:

Osvaldão, um dos comandantes
da Guerrilha do Araguaia
Prezadas e Prezados amigos obtive hoje um verdadeiro achado que acredito ser uma fonte bibliografica de extrema importância para tod@s nós.

Trazia comigo um incômodo quando a discussão era sobre o período da ditadura militar, sim, de fato me incomodava quando se tratava do perfil de seus combatentes, quase sempre potencializava os estudantes universitários e intelectuais de classe média, fadados a perderem seus direitos de ir e vir, liberdade de expressão e do exercício da democracia.

Ainda que o nefasto regime atingisse a toda a população e aos diversos movimentos socias, o acervo bibliografico que tiveram maior circulação foram os que distacam a atuação dos ativistas culturais, politicos e cientistas, onde a comunidade negra tinha pouca inserção. Razão pela qual a comunidade negra a época não tinha destaque entre as lideranças dos movimentos pela libertação.

Se hoje, mesmo com os avanços das politicas afirmativas diversificando mais a coloração dos universitários, os negros ainda são uma esmagadora minoria, o que dirá no alge do regime de exceção? Portanto minha indagação sempre era " Como e quando foi a participação dos negros neste processo de enfrentamento?" Por mais que tenhamos noticias de alguns sempre se dava de forma isolada.

Por isso que trago ao coletivo uma importante obra que vem reconstruir a história contemporanea dos negros, no sentido de elencar nossos hérois negros da ditaduta militar, onde entre milhares, destaca a atuação combativa que nos remete a nossa esencia de povo forte e lutador pela liberdade.

O livros registro "Direito à Memória e à Verdade  - Aos descendentes de homens e mulheres que cruzaram o oceano a bordo de navios negreiros e foram mortos na luta contra o regime militar". é simplismente maravilhoso e esclarecedor.

http://portal.mj.gov.br/sedh/biblioteca/livro_catalogo_negros/catalogo_negros_sem_a_marca.pdf

Mais um bela produção da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Recomendo

João Candido "Presente"

Saudações Quilombolas

Bruno Renato Teixeira
Sempre na Luta!!Sempre!!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Racismo no Brasil. A história de uma foto

Trechos do depoimento de Luiz Morier, gravado em 11/05/2007, a respeito de sua foto intitulada por ele “Todos Negros”.

Quando eu fiz esta foto, eu estava passando pela Grajaú-Jacarepaguá, e, passando pela estrada, percebi que havia uma blitz. Parei e fotografei a blitz. E me deparei com esta cena, os negros todos amarrados pelo pescoço. E até dei o título da foto de “Todos Negros”. E logo em seguida eu fui embora, e mais abaixo tinha uma manifestação dos moradores, eu continuei fazendo a seqüência e tal, e fui embora.
E essa me trouxe meu primeiro prêmio Esso na minha carreira. A sensação que eu tive foi de humilhação. Senti uma cena humilhante. As pessoas humilhadas, pessoas com carteira de trabalho na mão, dava para perceber que não eram bandidos, porque bandidos não usam um tipo de veste assim. É claro que eles se vestem bem melhor que isso. Eram pessoas simples, humildes, todos negros. Senti que era um ato de humilhação. Estavam sendo humilhados ali, carregados pelo pescoço como escravos.
- Do material que você fez nesse dia, você tinha certeza de que esta foto tinha destaque em relação às outras?
Não, não tinha certeza, não. Porque a gente… Eu, pelo menos, sempre… Você faz uma foto na hora, aí você só vai ter uma idéia depois que ela foi revelada. Quando eu estava revelando, sim. Aí, que eu vi a foto revelada, eu falei: “pô, essa vai dar o que falar!…” Que isso não é coisa que possa acontecer com o ser humano nos dias de hoje. Ou na época, na década de 80. Mas, até hoje a gente vê humilhação por aí…
Percebi que houve uma reação grande de todos que viram a foto. Até hoje, até hoje…
Quem ainda não viu e vê a foto… Já foi usada por várias faculdades, já foi tema… Inclusive foi, até, em 1988, quando a escravidão… Fez cem anos da Lei Áurea, ela foi bem revista e colocada para todos verem que cem anos depois ainda havia esse tipo de cena. (…)
Eu percebi que tinha uma blitz, mas eu parei porque tinha um camburão parado na pista. Eu fui lá dentro do mato fazer esta foto aqui. Então, eles estavam praticamente escondidos. Quer dizer, eu cacei!… Não estavam expostos assim, na rua. Você pode ver que tem mato lá no fundo, estavam lá no meio do mato, um caminhozinho no meio do mato. Então, quer dizer, era mais escondido, de uma forma… Eles faziam as mutretas, faziam tudo que tinham que fazer, mas, mais escondidos, para que a imprensa não visse mesmo. Agora, eles não estão nem aí… Agora, é tiro pra cá, é tiro pra lá, caiu ali, se tiver fotografa, se não tiver…
- Nessa foto aí, os PMs tiveram alguma reação de não deixarem você fotografar?
Ah, a reação foi imediata!… O tenente falou: “recolhe, recolhe, recolhe!”. Quando ele percebeu que eu estava fotografando, ele mandou recolher. Só que quando ele mandou recolher, ele não percebeu que eu… O guarda não percebeu que eu estava fazendo uma foto dele. Eu estava com um grande angular, ele achou que eu estivesse fazendo só os presos. E, no entanto, ele estava enquadrado na foto. (…)
Tem a importância que tem hoje porque mostra uma autoridade, ali, que devia usar algemas, no mínimo, e usou uma corda, e amarrada no pescoço. Não foi nem nas mãos, foi no pescoço. Quer dizer, um ato escravo mesmo! (…)
Sim, agora é. Para mim, ela é uma foto histórica. E vai estar sempre no primeiro lugar, pra mim, porque é uma foto que marcou muito esse meu tempo de trabalho.
Luiz Morier > Diz que foi no Jornal Tribuna da Imprensa que tudo começou. Aos seis anos, acompanhava o pai, Max Morier, repórter esportivo já falecido, e meio que um fundador da Tribuna. Morier começou a carreira de repórter-fotográfico no extinto jornal Última Hora, em 1977. Também teve passagens pelo Globo e trabalhou como freelancer no Estadão. No Jornal do Brasil trabalhou mais de 25 anos. Nos últimos anos tem frilado para várias empresas.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Cordeiro de Nanã

Thalma de Freitas esbanja talento e emoção nessa homenagem a Nanã, a mãe de todas.

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Encontro de Negras, Negros e Cotistas da UNE

















O III ENUNE sera realizado entre os dias 20 a 22 de maio de 2011 na Escola de Arquitetura no Campus Federação da UFBA na cidade de Salvador.

A programação concebida está estruturada a partir de três eixos fundamentais: o eixo político, o eixo acadêmico e o eixo artístico-cultural.

No que se refere ao eixo político, a proposta está assentada na realização dos grupos de debates (GD) como forma de promover a atualização e a consolidação das bandeiras que são estratégicas ao conjunto da juventudenegra brasileira.

Temáticas como: Saúde da População Negra, Mulheres Negras, Mídia e Racismo, Livre orientação sexual, Ancestralidade africana e conhecimentos tradicionais, Racismo Ambiental, Racismo e o mundo do trabalho -
organizarão o nosso debate. A partir desse eixo construiremos um ato público que venha a garantir a mais ampla visibilidade de nossos posicionamentos.

Quanto ao eixo acadêmico, a programação se pauta pela apresentação de produções científicas que tenham centralidade nas discussões sobre as politicas de ações afirmativas que, previamente encaminhadas, passarão pela avaliação de uma comissão julgadora.

E o eixo artístico-cultural, que pretende revelar a riqueza da cultura afro-brasileira, através do trabalho realizado por artistas, ou grupos destes, levando em consideração a(s) sua(s) produção (ões) na música, no teatro, na dança, no artesanato, na culinária, na produção audiovisual, etc.

Alojamento
Estarão disponibilizados para o III ENUNE salas alojamento com capacidade superior a 700 participantes, contando com inúmeros banheiros (químicos e estruturais), 10 chuveiros masculinos e 10 femininos

Atividades Acadêmicas
Os espaços para realização das atividades acadêmicas (palestras, GD,apresentação de trabalhos científicos e mostras artísticas,) são compostos por: 01 (um) auditório com capacidade total para receber um público de 1.000 (um mil ) participantes; 10 (sala) salas de aula, quer sejam atividades simultâneas ou não.

Regra para inscrições de trabalho
Poderão submeter propostas: graduandos, graduados das áreas de concentração das ciências sociais e ciências humanas e participantes de projetos de pesquisa financiados ou de práticas investigativas institucionais.

Os candidatos deverão se inscrever via e-mail, entre os dias 21 de Março e 21 de abril de 2011, uma vez que não haverá prorrogação da data para inscrição. A Comissão Organizadora divulgará os resultados da seleção no dia 01/05/2011, via e-mail (iiienune@gmail.com), e publicação no site do da diretoria de combate ao racismo da UNE.

RESUMO: O resumo deverá seguir as instruções abaixo:1. Título do Trabalho – escrever o título de trabalho em maiúsculas, fonte Times New Roman, tamanho 14 e em Negrito, utilizando no máximo 3 linhas;2. Autores – No máximo três autores por trabalho - escrever o(s) nome(s) do(s) autor(es), indicando o(s) os alunos e orientador(es), seguido do e-mail, utilizando no máximo 3 linhas, fonte Times New Roman, tamanho 12;3. Instituições – escrever o nome da universidade de origem, do departamento, utilizando no máximo 2 linhas, fonte Times New Roman, tamanho 12 e em Negrito; 4.Resumo do Projeto – editor de texto:· Tamanho do papel - A4;· Fonte tipo - “Times New Roman”;· Tamanho da fonte - 12;· Espaçamento entre linhas - 1,5;· Margem direita - 3,0 cm;· Margem esquerda - 3,0 cm.

Destacando o objetivo, a metodologia, os resultados e as conclusões, necessariamente nesta ordem, utilizando no máximo 2.500 caracteres (contando com os espaços) ou de 200 a 300 palavras. Enviar para a Comissão Organizadora via e-mail. (iiienune@gmail.com)

Alimentação
Serão ofertados aos participantes café da manha, almoço e jantar, sendo que no dia da abertura (sexta-feira) somente sera oferecido o jantar e no dia da plenária final (domingo) somente o café da manha e o almoço

Segurança
O III ENUNE contará com o serviço da equipe de segurança oferecido pela UFBA e outra contratada junto a iniciativa privada com o intuito garantir a integridade física e patrimonial de todos e todas, bem como oferecer apoio e tranquilidade aos participantes.

Inscrição
Procedimentos:
As inscrições terão o valor de R$30,00
Pagamento poderá de ser efetivado, em DINHEIRO, na “BOCA DO CAIXA” ou via caixa eletrônico;
Após o pagamento da inscrição, PREENCHER o formulário de inscrição no site da diretoria de combate ao racismo da UNE. (http://www.unecombateaoracismo.blogspot.com/)
Enviar para o e-mail do encontro cópia escaneada do recibo gerado no depósito (iiienune@gmail.com)
As inscrições ocorrerão entre os dias 21/03/2011 a 01/05/2011*
No ato do credenciamento será necessário a apresentação do recibo ORIGINAL do depósito bancário;

CONTA PARA DEPÓSITO:
BANCO Bradesco
AGÊNCIA: 3421-5
CONTA POUPANÇA: 0033960-1
Nome: CLEDISSON GERALDO DOS SANTOS

*As inscrições poderão ter o seu encerramento antecipado caso haja o preenchimento total das vagas do alojamento
__._,_.___

terça-feira, 19 de abril de 2011

A estrutura da Discriminação Racial


Por Luciana

Veja aqui uma forma bastante educativa de como funciona a estrutura da discriminação racial no mundo capitalista.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=eBb5TgOXgNY#t=117s

O vídeo está em inglês. Não tem legendas em português, mas é tão educativo que dá para enteder perfeitamente a lógica da competição entre brancos e negros na sociedade racista, tanto lá, nos Estados Unidos, como aqui, no Brasil.

domingo, 17 de abril de 2011

Rumo ao I ENAJUNEGRO, DF dá exemplo de mobilização

A juventude da Unegro do Distrito Federal se reuniu, no último dia 16 (sábado), no Encontro Distrital da Unegro preparatório para o Encontro Nacional da Juventude da União dos Negros Pela Igualdade. Foi um momento de muita disposição para a luta dos jovens da Unegro, reunindo dezenas de militantes no auditório da Administração de Brasília.

Jovens de várias origens e atuações no movimento social, do hip-hop ao movimento estudantil, trabalhadores e trabalhadoras, artistas, profissionais liberais, moçada com muita garra para a luta, se fizeram presentes. Nas diversas intervenções os participantes pontuaram suas angústias e esperanças de um mundo melhor, sem racismo e oportunidades. Um mundo socialista.

Alexandre, da Fundação Palmares e membro da Unegro, fez uma avaliação da conjuntura nacional e relatou a sua experiência de jovem negro e de sua militância iniciada em Salvador, Bahia. Ele ressaltou a necessidade de a Unegro do Distrito Federal aprofundar a sua organização nas comunidades e ajudar a dar voz à juventude e à população negra.

Angela, coordenadora nacional da juventudade da Unegro, saudou a participação importante de cada um dos presentes e suas intervenções, que em sua opinião, foram contribuições fundamentais para o debate. Ela pontuou ainda sobre o papel que a Unegro joga no movimento negro nacional, como uma entidade que observa a luta dos negros não somente como anti-racista, mas de transformação da sociedade brasileira, numa sociedade mais justa e igualitária.

O encontrou encerrou com a eleição dos delegados ao Encontro Nacional, que acontecerá de 29 de abril a 1º de maio, em Florianópolis, Santa Catarina.

Confira as fotos do evento feitas por Cícero Junior:




















terça-feira, 12 de abril de 2011

Normas para participação no I ENAJUNEGRO

NORMAS GERAIS PARA PARTICIPAÇÃO DO 1º ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDE DA UNIÃO DE NEGROS PELA IGUALDADE – UNEGRO / BRASIL

1.      O 1º Encontro Nacional de Juventude da União de Negros Pela Igualdade – 1º ENAJUNEGRO – acontecerá nos dias 29 de abril a 1º de maio de 2011, na cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.

2.      O tema do 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO será: “Juventude Negra: Um Passo além da Proposta”.

3.      Terão direito a participação todos filiados e filiadas jovens da UNEGRO com idade entre 14 e 32 anos que participarem dos encontros preparatórios estaduais e das plenárias estaduais.

4.      Todos estados deverão fazer plenárias estaduais para eleição de delegados e delegadas, a partir de 29 de março a 27 de abril de 2011. As demais atividades realizadas debatendo o temário do encontro contarão para efeito de mobilização.

5.      As plenárias deverão obrigatoriamente discutir o texto-base do 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO elaborado pela Executiva Nacional e socializado por meio virtual.

6.      As emendas ao texto-base 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO poderão ser apresentadas nas plenárias estaduais, nos encontros preparatórios e nos grupos e plenária final do 1º ENAJUNEGRO. As contribuições advindas dos estados deverão ser encaminhadas à Comissão Organizadora do encontro até o dia 27 de abril afim de que sejam sistematizadas e levadas em consideração no encontro nacional.

7.      As datas das plenárias estaduais, regionais e municipais deverão ser remetidas antecipadamente para a Comissão Organizadora do encontro através dos e-mails: enajunegro@gmail.com e unegrosc@bol.com.br aos cuidados de Aline  Brasil, contato (48)8466-9447.

8.      O relatório das plenárias, relação dos filiados que participaram, relação da delegação e contribuições ao texto-base deverão ser encaminhadas à Comissão Organizadora do encontro até o dia 27 de abril, nos e-mails: enajunegro@gmail.com e unegrosc@bol.com.br. 

9.      As delegações deverão observar presença de gênero.

10.  A taxa de inscrição para participação no 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO será de R$45,00 (quarenta e cinco reais) por delegado e delegada, pago no ato do credenciamento no primeiro dia do encontro. 

11. Para cada delegado ou delegada que participará do 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO em Santa Catarina, o estado deverá mobilizar 05 (cinco) jovens nas plenárias. Não poderão ser encaminhados jovens, em número acima do estipulado para cada estado, devido às condições esgotadas da estrutura. O 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO comportará 100 (cem) delegados e delegadas, divididos da seguinte forma:

ESTADO
Representantes
 2011
Rio Grande do Sul
07
Santa Catarina
07
Paraná
03
São Paulo
10
Rio de Janeiro
05
Minas Gerais
06
Espírito Santo
04
Distrito Federal
04
Mato Grosso
02
Mato Grosso do Sul
02
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03
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02
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02
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03
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03
Rio Grande do Norte
02
Ceará
03
Pernambuco
03
Maranhão
04
Piauí
02
Paraíba
02

12. É de inteira responsabilidade dos estados o transporte das delegações até a cidade sede do 1º ENAJUNEGRO. A Comissão Organizadora do encontro se responsabilizará pela infra-estrutura de hospedagem, alimentação, e toda a estrutura necessária à realização dos debates, plenária final e atividades culturais que constem na programação do 1º ENAJUNEGRO.

13. Os casos omissos deverão ser remetidos à Comissão Organizadora do 1º Encontro Nacional de Juventude da UNEGRO.


Atenciosamente

Coordenador Geral da UNEGRO – Edson França
Coordenadora Nacional de Juventude da UNEGRO – Ângela Guimarães